Tudo começou com um sonho: garantir às servidoras públicas de Porto Alegre do Norte o direito à licença-maternidade de seis meses. Mas essa luta nunca foi apenas sobre as mães. Era, acima de tudo, sobre os bebês.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que toda criança seja amamentada exclusivamente até os seis meses de vida. Esse é o período em que o leite materno é fundamental para fortalecer a imunidade, proteger contra doenças e garantir um crescimento saudável. Mas como uma mãe pode oferecer esse cuidado essencial se precisa voltar ao trabalho depois de quatro meses?
Foi por isso que apresentamos um projeto de lei para ampliar a licença-maternidade. Não era um favor, era um direito. Um direito das mães. Um direito dos bebês.
A esperança tomou conta, mas logo veio o primeiro obstáculo. A prefeitura vetou o projeto. Disseram que não era possível, que não tinha dinheiro, que não dava. Mas a gente sabia que não era uma questão de dinheiro, e sim de prioridade. E a prioridade deveria ser a saúde das crianças.
Mesmo depois de derrubarmos o veto, a luta não acabou. Vieram as humilhações. Vieram as negativas. A lei existia, mas não era respeitada. Mães foram até a prefeitura, solicitaram o que já era um direito delas. Algumas foram ignoradas. Outras receberam um “não” seco e frio. Muitas choraram, se sentiram desamparadas, injustiçadas.
Imagine o desespero de uma mãe que acabou de dar à luz, sabendo que tem uma lei que lhe garante ficar seis meses com seu bebê, mas recebe a notícia de que não pode. Que teria que deixar seu filho com dois, três, quatro meses para voltar ao trabalho. Que teria que escolher entre o leite materno e o salário.
E não foi só uma mãe. Foram muitas. Mães que se humilharam, que imploraram, que tentaram de todas as formas conseguir o que era delas por direito. E a resposta da prefeitura? Sempre um “não”.
Mas a gente não desistiu. A prefeitura foi além e entrou na justiça para não pagar a licença-maternidade. Eles tentaram impedir esse direito de todas as formas. Mas nós seguimos firmes. Sabíamos que essa não era uma briga política, mas uma luta pela vida, pela saúde e pelo futuro dessas crianças.
E depois de tantas lágrimas, humilhações e injustiças, a justiça decidiu a favor das servidoras!
Hoje, podemos comemorar essa conquista. Mas é importante que todos saibam: isso não aconteceu porque a prefeitura quis, e sim porque fomos à luta. Se dependesse deles, esse direito continuaria sendo negado.
Essa história mostra que vale a pena lutar. Que quando a gente acredita em algo justo, não pode desistir. Cada mãe servidora que agora pode ficar mais tempo com seu bebê, cada criança que tem a chance de mamar até os seis meses, é a prova de que essa batalha valeu a pena.
Direitos não se pedem, se conquistam. E essa é mais uma conquista que ninguém pode tirar.